quarta-feira, 17 de junho de 2015

Se há dias que começam de formas inesperadas, hoje foi um deles. Todos sabemos que a coisa mais natural da vida, ironicamente, é a morte. Uma segue a outra e não há nada que possamos fazer para mudar isso. 
Se pensarmos sobre o assunto, neste momento o mundo tem 7.322.428.563 pessoas, e este é um número que aumenta a cada segundo. Sete biliões, trezentos e vinte e dois milhões, quatrocentos e vinte oito mil, quinhentos e sessenta e três. Ora este é um número bem grande, no entanto, quantas destas pessoas nos são familiares? Quantas ficariam felizes com o nosso sorriso? Quantas destas pessoas quereríamos que nos abraçassem e nos dissessem que está tudo bem?
Não sei ao certo, mas uma dessas pessoas começou a manhã bem próxima de arredondar esse número para 7.322.428.562 pessoas, e sendo apenas uma pessoa num número que cresce exponencialmente, poderá não fazer diferença nenhuma para quem quer que esteja a ler isto, mas faz uma diferença enorme para mim.
Avó, eu sei que não consegues ler, mas para mim nem sempre é fácil dizer aquilo que sinto, sendo bem mais fácil escrevê-lo num pedaço de papel, ou no caso, através de uma série de uns e zeros. O que estou a querer dizer, é que não tenho sido a neta perfeita, muito longe disso aliás, por vezes não te dou a atenção que merecias e parte do motivo pelo que o faço é porque nessas vezes, quando olho para ti, tento ver a senhora que me acordava nos fins-de-semana com uma chávena de chocolate quente e torradas. Tento ver a senhora que gostava tanto da sua independência, que eu tinha que lhe implorar para vir uns dois dias à nossa casa. A mulher que acordava às cinco da manhã porque adorava o que fazia e estava sempre disposta a ajudar.
Eu quero olhar para sí e ver essa mulher de novo, porque bem lá no fundo eu sei que ela ainda existe, e tenho tantas saudades dela!
Mas sei também que a culpa de estar assim não é sua, ninguém tem culpa de estar doente, mas há dias em que é tão frustrante!
Hoje olhei para si e vi o esforço que fez para se levantar depois daquela queda. Hoje olhei para si e vi o quanto tentou falar comigo, até que sairam umas duas palavras correctas. 'Vó, você ainda é aquela mulher, e irá ser sempre. E eu amo essa mulher, acredite. Todos nós amamos.
Apenas hoje já morreram 90 mil, cento e treze pessoas, um número que cresce a cada segundo, e por todas essas pessoas que eu não conheço, sei que há alguém que as ama muito num sítio qualquer deste planeta. Nasceram também 218 mil oitocentos e vinte sete pequenos humanos. Alguns vão ser muito felizes, outros irão sofrer bastante para continuarem entre nós, mas quero acreditar que um dia, quando deixarem de fazer parte desses 218.827 e se juntarem aos 90.113, irão deixar muito amor no coração dos que ficarem cá a guardar a sua memória.

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