Como é que te tornaste tão amarga? O que te prende o sorriso, que não vejo há meses.
Como consegues? Não entendo. Ninguém passa tanto tempo sem sorrir.
Não oiço uma gargalhada tua há anos.
Ainda te lembras de como era? Sabes o que é rir até ficar sem respirar por breves instantes?
Aquele riso que não queres que acabe, embora já te esteja a magoar todos os músculos que possuis. Mas sentes-te viva, e sabes que é assim que deve ser. Por isso queres que essa gargalhada te valha uma vida inteira.
Como? Porquê? De quem é a culpa?
Minha?
Tua?
Tantas perguntas sem resposta. Tantas questões e tu sem as ouvires. Porque pensas que nada disso interessa. Porque queres ser assim como és e nem sabes que isso nos magoa.
Pensando melhor, talvez saibas. Talvez isto seja a tua maneira de nos fazeres olhar para ti. A cry for help.
Então se é assim desculpa. Desculpa, mas não consigo, porque para te ajudar, tens que nos deixar ajudar-te.
Tenho saudades tuas, e não sei o que fazer para que voltes para nós.
Queremos-te de volta, mãe.